A falta de médicos (5 opiniões)
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Documento da CUSMT entregue ao Secretário de Estado da Saúde
(em 21.11.2021)
".... O reforço dos Recursos Humanos, sempre poucos para as necessidades, só pode ser atingido com vários meios: reforço do internato médico e da idoneidade formativa; criação de condições para atrair mais profissionais (valorização profissional e salarial; melhorias de equipamentos e instalações; telemedicina e digitalização; objectivos de gestão coerentes com a valorização das carreiras; incentivos à fixação;…) "
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A falta de médicos
Em 2020, as Instituições Públicas de Ensino Superior foram criticadas por não aceitaram a proposta do Governo de abertura de mais 250 vagas nos cursos de Medicina.
Nessa altura, prevaleceu não a urgência de formar o número de médicos que o País viria a precisar ao longo dos anos seguintes, mas a tese de algumas instituições médicas, nomeadamente a Ordem dos Médicos e o Conselho das Escolas Médicas, que há época defendiam que Portugal tinha médicos a mais, sobrepondo interesses corporativos ao bem-estar das populações.
Uma tese contrariada pelo PCP que, na altura, assumiu a falta de médicos especialistas como um dos problemas mais graves do Serviço Nacional de Saúde, considerando que a situação se iria agravar porque muitos dos que estavam a exercer a sua profissão, estavam próximos da idade da reforma. Aliás, o dirigente comunista Jorge Pires afirmou, nessa altura, que «se Portugal tem médicos a mais, como explicam que hoje, só nas especialidades de Medicina Geral e Familiar e Anestesiologia faltam no SNS mais de 1000 médicos? Ou por que razão ficam sistematicamente desertos os concursos, como aconteceu recentemente no Algarve, em que não apareceu nenhum médico a concurso para as 60 vagas abertas?».
O dirigente do PCP considerou inaceitável «a forma como foi decidido pelas Instituições Públicas de Ensino Superior Público não integrar nas vagas para o próximo ano lectivo a proposta do Governo», que é «quem tem os elementos necessários e a obrigação política para o fazer», sublinhando que «muito mal vai o Ensino Superior em Portugal quando são os Reitores que confundindo autonomia com independência, recusam uma decisão do Governo».
Jorge Pires, para além de ter chamado a atenção para o facto de as Instituições Públicas de Ensino Superior e as organizações médicas, estarem «inseridas na sociedade e é neste quadro que devem exercer os seus mandatos», acusou os defensores da tese de que não há falta de médicos em Portugal, de «defenderem simultaneamente que o Governo decida no sentido de abrir cursos de Medicina nas universidades privadas, com parte da formação a ser realizada nos hospitais dos grupos monopolistas da saúde».
Os objectivos e a estrutura do Serviço Nacional de Saúde não podem ser definidos em função do número de médicos que existe no País. Pelo contrário, o número de médicos a formar deve ser de acordo com a estrutura que responda, no plano da saúde, às necessidades do País e dos portugueses.
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Pontapé de Medina na crise
O ministro das Finanças, Fernando Medina, defendeu esta quinta-feira que a crise que fechou diversas urgências de obstetrícia pelo país não se deve à falta de dinheiro mas sim à escassez de médicos especialistas. A tabela salarial dos médicos foi, no entanto, colocada em cima da mesa negocial pelas organizações sindicais na reunião, também de hoje, no ministério da Saúde, como sendo uma prioridade. Faltam médicos. É uma "questão estrutural de carência de efetivos", frisou Medina. Muitos estão à beira da aposentação, outros tantos têm mais de 50 anos e já não fazem urgências e mais ainda fugiram para o privado onde têm melhores condições de trabalho e recebem mais. Mas não falta dinheiro. "Se o problema fosse esse, seria fácil de resolver", garantiu o ministro.
Nos últimos dias o Ministério Público abriu um inquérito à morte de um bebé no Hospital das Caldas da Rainha quando a urgência de obstetrícia estava fechada. Há grávidas a percorrerem quase 100 quilómetros (por exemplo entre Portalegre e Abrantes) para conseguirem ser assistidas num hospital durante o parto. A ministra da Saúde já chegou a admitir recorrer aos hospitais privados.
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(in Expresso 17.6.2022)
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