sexta-feira, 24 de junho de 2022

Sobre a prestação de cuidados de saúde... LEITURA OBRIGATÓRIA! (opinião)

 Gustavo Carona 

9 h 
A história do SNS.
Por vezes parece-me tão óbvio que nem devia ter de ser explicado, mas depois relembro-me que a maioria das pessoas vive no encanto da compreensão do que nada percebe. O Serviço Nacional de Saúde, que a partir de agora tratarei por SNS, não é de esquerda, nem de direita porque a saúde e os direitos humanos têm que ser apartidários. Eu não faço política, eu apenas penso na saúde das pessoas. O SNS é a maior conquista da nossa democracia, porque a saúde é o nosso bem mais precioso, e conseguir que os cuidados de saúde cheguem de forma humana e apenas humana a todos que precisam é algo que devia emocionar os mais desatentos. A pobreza por si só é indutora de menos saúde, mas não podemos acrescentar a isso a desigualdade no acesso a esta máquina que salva vidas. Sim, vidas. Comecemos por aí. A medicina tem como primeiro objectivo salvar vidas, e de seguida aliviar o sofrimento. Pelo que vemos à nossa volta por vezes confundimo-nos ao achar que medicina é pôr cabelo ou esticar as rugas, mas isso é apenas estética.
Não há nenhum hospital do país, do SNS, que feche a porta a um ser humano. Pode ser um acidente de carro, um AVC, uma pneumonia grave, um enfarte do miocárdio. A verdadeira medicina faz-se no SNS. Se tiverem um problema de vida ou de morte, estão a perder tempo se não forem para o SNS. Se tiveres uma complicação no parto, tu vais querer estar no SNS. Se tiveres um cancro tu vais querer ser seguido no SNS. Se tiveres no privado e der merda, tu vais querer ir para o SNS. Se precisares de cuidados intensivos, tu vais para o SNS. Quando rebentou a pandemia, quem é que não se escondeu e deu o peito ás balas? O SNS. Quem é que vacinou o país todo? O SNS. Quem é que seguiu os infectados que ficaram em casa? O SNS. SNS, SNS, SNS. Qual é a dúvida? Justiça, equidade, qualidade, formação, e humanidade.
Queremos um mundo global, mas uma saúde classista e sectorial? Acho que não é esse o caminho. A luta é pormo-nos todos em pé de igualdade à nascença, ou não é? Então porque é que só se ouvem opiniões a pensar nos seus umbigos? É melhor para ti, mas não é melhor para todos, logo como é que ousas dizer isso? Estás a pensar em ti ou em todos? Pois, para todos é o SNS, e o SNS são as pessoas que cuidam de pessoas. E por isso trata-as bem se queres que tratem bem de ti, dos teus pais e dos teus filhos.
Os privados têm cores muito bonitas, mas enganam. O embrulho é criativo, mas o conteúdo é pior. É pior não pelas pessoas que lá estão, que eticamente regem-se pelos mesmos princípios, mas sim por um sistema que está feito para ser um negócio como primeiro objectivo que por acaso trata de pessoas. Primeiro respondem ao dinheiro e só depois aos doentes. Fugiram da pandemia quando a tratávamos com receio, para depois se agarrarem a ela quando recebiam dinheiro do estado por doente e mais ainda pelos testes. E quando nos cuidados intensivos recebemos doentes dos privados porque após uns dias se acabou o plafond do seguro? Acham isso humano? Eu quero uma gestão de saúde mais robusta, mais meritocrática e que combata muitos dos podres que vemos no funcionalismo público, mas eu não quero que desistam de me tratar se a minha doença não for das que dá dinheiro aos empresários.
Segurar os médicos, os enfermeiros, auxiliares, técnicos, fisioterapeutas, e reforçar os psicólogos e os dentistas. Temos que ser todos a lutar por um igual acesso à saúde para todos, e isso só acontece no SNS.



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