Apelo
Paz sim!
Guerra e corrida aos armamentos não!
O respeito pelos princípios do direito
internacional, conformes com a Carta da ONU e os constantes na Acta Final da
Conferência de Helsínquia, é o caminho para garantir a paz, a segurança, a
cooperação, a justiça, os direitos dos povos.
Independentemente de opiniões diversas
sobre os desenvolvimentos no plano internacional, como a situação na Palestina
ou no Sara Ocidental, as guerras na Ucrânia, no Iémen, na Síria, na Líbia ou no
Iraque, entre outros conflitos que flagelam o mundo, une-nos a condenação da guerra,
a profunda preocupação com o agravamento da situação mundial e os sérios
perigos para a Humanidade que dele decorrem.
O aumento das despesas militares, a
corrida aos armamentos, a produção de mais sofisticadas armas, incluindo
nucleares, a instalação de mais bases militares em países terceiros,
representam uma inquietante ameaça para todos os povos da Europa e do mundo,
tanto mais quando se constata o agravamento dos problemas da fome, da doença,
da pobreza que afectam grande parte da Humanidade.
O empenho da diplomacia para a solução
política dos conflitos não deve serbsubstituído pela ingerência, pela
desestabilização, pelos bloqueios e as sanções, pelas intervenções, invasões e
ocupações militares, pela guerra, pelo uso ou a ameaça do uso da força nas
relações internacionais com todas as suas dramáticas consequências.
As sanções, para além de se inserirem na
lógica da confrontação, como se constata, atingem sobretudo as condições de
vida das populações, tanto nos países que as sofrem como nos que as impõem.
A Revolução de Abril, que em breve
comemora 50 anos, constituiu uma pujante afirmação contra o fascismo e a
guerra. Abril abriu as portas da liberdade e da democracia, repudiando todas as
manifestações de fascismo, a xenofobia, o racismo. Abril abriu as portas da
paz, pondo fim à guerra colonial e consagrando na Constituição da República
Portuguesa importantes princípios – como a não ingerência nos assuntos internos
de outros Estados, a solução pacífica dos conflitos internacionais, a
dissolução dos blocos político-militares, o desarmamento geral, simultâneo e
controlado –, repudiando o militarismo e a guerra nas relações internacionais.
É imprescindível e urgente que as
autoridades portuguesas não contribuam para a escalada de confrontação e de guerra,
mas para a criação de condições de diálogo que garantam o estabelecimento de um
clima de confiança, com vista à criação de um sistema de segurança coletiva, a
uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre
os povos.
No espírito destes princípios,
preocupações e considerações, apelamos a todos os que aspiram à paz a
participar nas acções que terão lugar nos próximos dias 25 de Junho, pelas
15h00, na Rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, e 29 de Junho, pelas 18h00, na
Cordoaria, no Porto.
Primeiros subscritores:
Ana Margarida Carvalho, escritora
Armando Farias, técnico de produção
Frei Bento Domingues, teólogo
Deolinda Machado, professora
Fernando Casaca, actor e encenador
Francisco Batista, capitão de mar e
guerra (ref)
Ilda Figueiredo, economista
João Veloso, professor universitário
José Goulão, jornalista
José Pinho, presidente da Associação de
Estudantes da FCSH
Manuel Loff, historiador
Manuela Espírito Santo, escritora
Pedro Pezarat Correia, general (ref)
Rita Lello, actriz
Rui Pereira, professor
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