ANACOM debate qualidade das comunicações com autarcas de Mação
A ANACOM esteve na Câmara Municipal (CM) de Mação para apresentar os resultados de um estudo levado a cabo por esta Autoridade naquele concelho, tendo em vista a aferição da qualidade das redes móveis da MEO, NOS e Vodafone, na perspetiva dos utilizadores. Na sessão, que decorreu no dia 4 de julho de 2022, foram ainda referidas as perspetivas de desenvolvimento do sector das telecomunicações, tanto ao nível das redes fixas como móveis. Estiveram presentes, o Presidente da CM de Mação, Vasco Estrela, e outros membros do executivo camarário, além dos presidentes das juntas de freguesia do concelho.
Na sessão, Vitor Rabuge, Diretor-Geral de Supervisão da ANACOM apresentou os resultados do estudo que verificou a qualidade das redes móveis e a Administradora da ANACOM, Patrícia Silva Gonçalves, fez uma apresentação sobre as áreas brancas e as redes de elevada capacidade no concelho.
Além de debaterem os resultados constantes das apresentações, os autarcas falaram sobre os problemas que existem nas várias freguesias ao nível da falta de cobertura das redes, fixas e móveis, com as consequências que daí decorrem ao nível da capacidade de captação de investimento e de fixação das populações. Alguns autarcas, deram ainda conta dos graves atrasos existentes na distribuição postal e da degradação da qualidade do serviço postal.
Na sessão, em resposta às preocupações dos autarcas, o Presidente da ANACOM, João Cadete de Matos, explicou as mudanças que são esperadas no sector, que poderão trazer uma alteração significativa à situação das telecomunicações em Portugal, sobretudo nos concelhos e freguesias com maiores défices de cobertura. Referiu, nomeadamente, as obrigações de cobertura que decorrem das regras do leilão do 5G, de acordo com as quais 75% da população das freguesias de baixa densidade tem que ter acesso à Internet a uma velocidade de 100 Mbps no final de 2023, valor que sobe para 90% em 2025. No que respeita às redes fixas de elevada capacidade, referiu o trabalho que a ANACOM está a fazer com o Governo, com vista ao lançamento, ainda este ano, de um concurso público internacional para selecionar a empresa que instalará fibra ótica nas zonas onde ela ainda não existe, de modo a que todos os alojamentos possam ficar cobertos.
João Cadete de Matos esclareceu ainda que, no imediato, a única forma de conseguir ter um serviço de dados onde não existem redes fixas ou móveis, é recorrer aos serviços de Internet que utilizam constelações de satélites de baixa altitude e que já estão disponíveis em Portugal.
Resultados do estudo de qualidade de serviço em Mação
Foram percorridos pela equipa da ANACOM cerca de 550 quilómetros e realizadas 2974 chamadas de voz, 1174 testes de velocidade de ligação à Internet e cerca de 119 mil registos de sinal rádio, entre 30 de maio e 1 de junho de 2022, no Concelho de Mação.
Neste estudo foram analisados os principais indicadores de qualidade, tendo em conta a perspetiva do utilizador e os serviços objeto de estudo:
- cobertura das redes – disponibilidade das redes radioelétricas 2G, 3G, 4G e 5G (sinal de rede);
- serviço de voz – acessibilidade do serviço telefónico móvel;
- serviços de dados – acesso ao serviço de Internet móvel.
Os resultados mostram que:
- do total de medidas efetuadas por cada operador, registou-se a indicação de rede existente em 98,5% medições da Vodafone, 95,6% da MEO e 80,9% da NOS;
- a qualidade da cobertura radioelétrica dos sistemas de comunicações móveis foi classificada em 6 níveis: “Inexistente”, "Muito Má”, “Má”, “Aceitável”, Boa” e “Muito Boa”, em função do nível de sinal recebido no dispositivo móvel. Agregando os registos de qualidade “Inexistente”, "Muito Má” e “Má”; estes perfazem um total de 58,9% na NOS, de 40,2% na MEO e de 37,4% na Vodafone;
- no serviço de voz, os resultados apurados relativamente à acessibilidade (estabelecimento de chamada com sucesso) foram de 97,6% para a Vodafone, de 95,5% para a MEO, e de 80,9% para a NOS;
- o rácio de terminação bem-sucedida de chamadas (as que se concretizaram e se concluíram com sucesso) foi de 88,1% para a MEO, 73,2% para a NOS e de 95,2% para a Vodafone. Em termos globais, do total de tentativas de chamada de voz resultaram em 8,7% de chamadas falhadas no seu estabelecimento e 5,8% de chamadas com quebra durante a conversação;
- no serviço de dados (banda larga móvel), na globalidade, os resultados revelaram que 67,5% dos testes foram concluídos com sucesso. Identificaram-se falhas em zonas de pior nível de sinal, promovendo baixas velocidades de transferência de dados. As taxas de sucesso de testes NET.mede (testes iniciados e concluídos) foram de 75,6%, para MEO, 47,4% para a NOS e 79,4% para a Vodafone.
- as velocidades médias de transferência de dados em download e upload foram, respetivamente, de 39 e 10 Mbps, na MEO, 24 e 5 Mbps, na NOS, e 23 e 9 Mbps, na Vodafone, sendo de destacar a existência de grande variação dos valores observados, fortemente dependente dos locais onde foram realizados os testes. Quanto à latência verificaram-se valores entre os ]60;30ms[ em 76,7% dos testes da MEO, de 88,3% para a NOS, e em 59,1% dos testes da Vodafone.
Na figura seguinte é indicada a classificação do desempenho global dos operadores para cada serviço:
Caso já existissem acordos de roaming nacional em Portugal (permitindo que os clientes de qualquer um dos operadores se pudesse conectar à antena de outro operador quando a qualidade de sinal do seu operador não fosse aceitável), teríamos uma cobertura agregada de mais qualidade no concelho de Mação, como é evidenciado na figura abaixo.
Cobertura móvel agregada - contribuição de todos os operadores caso existisse roaming nacional
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